Um caso de amor com o Acre “A nossa proposta é de todos e para todos”, diz pré-candidata ao Senado
“Somos uma candidatura construída a muitas mãos”
Quando deixou o interior paulista, a cidade Cedral, distante 500 quilômetros da capital São Paulo, década de 1970, ela embarcou no que parecia numa autêntica aventura em busca da realização de seus sonhos de moça pobre que se materializariam bem longe de sua terra natal. Além de familiares e amigos, Vanda Milani largou a função de sargento da Polícia Militar do Estado de São Paulo para vir para o Acre.
Deveria acompanhar o marido Silas Pascoal, acreano que conhecera na academia da Polícia Militar, pelo qual se apaixonara e com o qual havia casado fazia pouco tempo. Formado sargento PM, Silas deveria retornar a Rio Branco e trouxe a mulher. Começava ali uma história de amor que já perdura por 45 anos.
Estabelecida em Rio Branco, mais precisamente no bairro Quinze, Vanda trabalhou como professora e deu continuidade ao curso de Direito que começou em São Paulo. Formada, foi assessora jurídica da Câmara Municipal do município de Senador Guiomard, delegada de polícia civil, assessora jurídica do extinto Banacre e membro do Ministério Público do Acre (MP/AC) por 33 anos, entidade da qual foi procuradora-chefe.
Concorreu ao cargo de deputada federal em 2014 e, mesmo sub judice, por causa da função de procuradora do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), o que lhe causou inúmeros transtornos alcançou quase 15 mil votos e ficou na primeira-suplência.
A realização do sonho de infância só aconteceria nas eleições seguintes. “O meu pai foi vereador e um tio prefeito. Eu sempre quis ajudar o próximo com a política”, declarou Milani, emocionada, mas ainda complementou: “O único propósito da política é servir às pessoas”.
O sonho só viraria realidade em 2018, quando agora ela se elegeu de fato, com mais de 25 mil votos. Empossada, se aposentou das funções no MPC e passou a exercer o mandato de deputada federal, como integrante das comissões de Constituição e Justiça e de Meio Ambiente. Ali angariou respeito e admiração de seus pares, bem como o reconhecimento da imprensa nacional. A sua principal marca, e o que mais lhe apraz, é ser articuladora de um projeto de desenvolvimento, o qual seja capaz de tirar o Acre da situação adversa em que se encontra. “As emendas parlamentares são importantes, porém precisamos gerar emprego e renda para a nossa gente”, assim concebe a parlamentar.
A nossa reportagem foi à casa da pré-candidata, de 68 anos, que, como uma legítima descendente de italianos, é a Mama – ou seja, ali, mesmo cumprindo uma extensa agenda política, arranja tempo para cuidar da casa, ajuda a administrar a fazenda e acompanha a vida dos filhos Paulo Silas, Pedro Samuel e Geraldo Israel, todos casados e médicos.
Jorge Natal: Vamos falar de como tudo começou, começar pelo começo
Dra. Vanda – Vamos. Nasci em Cedral, cidade próxima a São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Desde pequena, vi a minha família envolvida com a política. O meu pai foi vereador e um tio prefeito. Eu admirava o trabalho que eles faziam. Fiz escola normal e depois comecei o curso de Direito. Quando estava no final do terceiro ano, apareceu um concurso para a Polícia Militar. Fiz a inscrição escondida dos meus pais porque eu era a caçula. Eles não me deixariam viajar. Mesmo contra a vontade deles, fui para a capital. Com quinze dias na academia, vi uma turma de acreanos que também faziam o curso. Foi aí que eu conheci aquele que viria a ser o meu esposo, o Silas Pascoal. Depois de quase três anos na corporação, pedi baixa e vim para o Acre recém-casada. Eu não queria ser PM, mas delegada de polícia. Antes, porém, fui professora da Educação Integrada, o antigo Mobral. Consegui a transferência da faculdade e concluí o curso na Ufac. Lá, conheci o Ciro Facundo de Almeida, então secretário de Segurança, que me convidou para ser delegada de polícia. Aí, por quatro anos, eu realizei o meu grande sonho. Depois fui advogada do Banacre e, em 1984, passei no concurso do MPAC, instituição na qual passei 33 anos. Não tenho problemas em dizer que a estruturei. Enfim, sinto-me realizada e feliz, pois, entre outras coisas, tenho três filhos maravilhosos e cincos netos lindos.
Como a senhora avalia o seu mandato?
Dra. Vanda – Fiz um compromisso com meu marido de que, caso a gente ganhasse a eleição, eu estaria aqui todo final de semana. E venho cumprindo. O outro foi com a nossa gente, uma vez que, estando aqui presente, poderei ouvir e encaminhar as reivindicações para que estas sejam transformadas em emendas parlamentares ou em outras políticas públicas. Venho cumprindo todos os meus compromissos de campanha. Estou muito gratificada com as minhas ações e intervenções. Se o político tiver vontade de trabalhar e garra, ele ajuda muito o estado.
Comente sobre as suas emendas parlamentares.
Dra. Vanda – Um parlamentar tem, anualmente, R$ 16 milhões em emendas impositivas e mais 22 milhões em emendas de bancada. Temos ainda as emendas extras, que, somadas às duas anteriores, chega-se a um recurso considerável. O nosso totalizou mais de R$ 280 milhões. Isso é um orgulho para o mandato. A execução tem demorado muito e, infelizmente, tivemos algumas perdas. A orla daqui do bairro Quinze, por exemplo, que é de 2019, só agora foi licitada e está perto de sair do papel. Se todos esses recursos estivessem sendo executados, muitos empregos teriam sido criados. Ah, só de emendas para a saúde de Rio Branco, do ano passado pra cá, nós alocamos quase R$ 24 milhões.
Por que a senhora é candidata ao Senado?
Dra. Vanda – Primeiro que ninguém é candidato de si próprio. Foi um pedido de prefeitos, vereadores, dirigentes partidários, amigos e de pessoas de um modo geral. É um desafio, confesso, mas eu sou movida a isso. Estou andando por todo o estado e estamos sendo bem recebidos. Eu estou preparada e encaro essa candidatura como uma missão. Eu vejo a possibilidade de ajudar mais os acreanos e o Brasil. Acredito que isso é um chamado, além da realização de um sonho de infância. Eu vou poder ajudar a definir políticas públicas. Se Deus me colocar no Senado, onde tiver um acreano, nas cidades ou nos locais mais remotos, podem ter certeza, vocês estarão sendo representados. Eu sei da necessidade de cada cidadão do meu Estado. O político tem que cuidar da população da mesma forma que cuidamos dos nossos filhos e netos. O candidato que conseguir olhar para cada pessoa, da mesma forma que olha para a sua família, seremos um outro Acre, ou seja, um povo próspero e feliz.
O que a senhora vai propor para tirar o Acre do subdesenvolvimento?
Dra. Vanda – O Agro. Mas não é aquele que foi dito nas eleições passadas. Eu já faço isso no mandato, que é apoiar o pequeno e médio produtor. Eles são a maioria, ou seja, cerca de 85%. Precisamos produzir e industrializar as nossas matérias-primas. Para isso acontecer, é preciso existir uma imediata regularização fundiária, acompanhada por uma política agrícola de estado, com assistência técnica continuada, melhoramento de ramais, acesso à energia convencional e à solar, internet via satélite, serviços de saúde e educação, além da abertura de linhas de crédito para o financiamento da produção e aquisição de equipamento agrícolas. Comida no campo é certeza de comida na cidade. O Acre precisa de interlocutores entre o setor produtivo, o poder estatal, as indústrias e as agroindústrias, principais vetores da geração de emprego e renda.
Como está a sua pré-campanha?
Dra. Vanda – O nosso futuro mandato de senadora está sendo construído a muitas mãos. Eu tenho consciência do dever que me espera. Como cidadã, cumpri o meu papel de deputada federal. No Senado, podemos fazer muito mais. Eu conclamo os acreanos para escolher candidatos comprometidos com a nossa gente. Nós já percorremos todo o Vale do Juruá, o Alto e o Baixo Acre. Estamos ouvindo as pessoas para que a gente possa, num futuro próximo, fazer um plano de governo enxuto e exequível. Vamos construir um Acre de todos e para todos.
Entrevista concedida pelo o Site Noticias do Hora: