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A verdade dos fatos
Padre é indiciado por suspeita de estupro em paróquia no Acre; ele nega
Crimes teriam sido praticados pelo padre Fábio Amaro entre 2008 e 2009, quando o suspeito era sacerdote em Rio Branco. Atualmente ele mora em Pernambuco e foi ouvido sobre os crimes na delegacia da cidade de Arcoverde.

O padre Fábio Amaro, que atuou em várias paróquias do Acre, foi indiciado pela Polícia Civil do estado por suspeita de abuso sexual. Os crimes teriam sido praticados entre 2008 e 2009, quando o suspeito era pároco em Rio Branco. Na época, o sacerdote teria abusado de um adolescente, que tinha entre 15 a 16 anos, e de uma jovem, de 18, que frequentava a igreja e se confessava com ele.

Com exclusividade, a Rede Amazônica Acre conversou com as vítimas, que não serão identificadas na reportagem. Todas frequentavam a igreja católica e tiveram o sonho de seguir carreira cristã destruído.

Apesar das duas denúncias, o padre responde criminalmente apenas pelo estupro do rapaz. Segundo a Polícia Civil, o crime praticado contra a jovem prescreveu. Atualmente, ele mora em Pernambuco e foi ouvido na delegacia da cidade de Arcoverde (PE) a pedido da Polícia Civil do Acre.

Em depoimento, ele negou conhecer as vítimas e alegou também desconhecer até o acordo que fez com o bispo Dom Joaquín Pertiñez.

No estado pernambucano, o padre estava ligado a uma instituição sem fins lucrativos que trabalha com projetos sociais de ressocialização. Após prestar depoimento, ele teria pedido desligamento.

A reportagem tentou contato com o padre diversas vezes, sem sucesso. Em uma dessas tentativas, uma mulher se identificou como mãe dele e informou que o filho tinha viajado em busca de emprego e que não sabia a data de retorno.

Denúncias

O rapaz que denunciou o padre, atualmente com 30 anos, contou que participou de um encontro da igreja católica e teria ouvido uma colega dizer que tinha sido aliciada por um padre. Sem saber ao certo do que se tratava, ele teria comentado com um amigo, e a informação chegou até o padre Fábio Amaro. A partir de então, segundo ele, o sacerdote teria passado a ameaçar e a abusar dele.

A vítima destaca que os abusos aconteciam no quarto, dentro da paróquia, pelo menos três vezes na semana. Os crimes teriam sido praticados durante dois anos até o jovem entrar em um seminário e ficar praticamente isolado do mundo externo.

O isolamento foi visto também como uma forma de escapar dos abusos praticados pelo sacerdote. “Pensei: lá no seminário religioso ele não poderia ir, mas, ao mesmo tempo, ficava na minha mente que eu poderia encontrar outros padres ali dentro iguais a ele. Essa era minha única saída, não poderia compartilhar isso com ninguém”, recordou.

Diocese soube de abusos e exigiu renúncia

A Diocese de Rio Branco disse que assim que teve conhecimento das denúncias contra o padre pediu o afastamento dele na época. À reportagem, o bispo Dom Joaquín Pertiñez explicou que, ao saber dos casos, confrontou o padre, que confirmou os crimes, e então o suspeito foi avisado de que teria que renunciar ou seria excomungado.

Ainda segundo o bispo, o padre decidiu pedir a renúncia e justificar que precisava mudar de estado por conta da morte do pai.

“Nós tivemos uma conversa séria e eu disse a ele que se não renunciasse eu pediria a expulsão dele. E dias depois ele fez uma carta de renúncia e disse que ia para terra dele, cuidar da mãe, porque o pai tinha morrido”, relembrou dom Joaquím.