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A verdade dos fatos
Presente de Natal: Energisa mal se instalou no Acre e já recebeu o primeiro benefício do Governo, um reajuste de 25,34% na conta de luz. E achou pouco

s clientes da Eletroacre (Energisa) espalhados pelos 22 municípios acreanos devem preparar o bolso para mais um aumento da conta de energia elétrica, que será reajustada em 25,34%, a partir desta quinta-feira, (13).

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A pancada no bolso do consumidor foi autorizada pela Agência Nacional de Águas e Energia Elétrica (Aneel) e anunciada,  no site da agência  reguladora nesta terça-feira (11), como se fosse uma espécie de favor à população pelo fato de o reajuste não ter sido ainda maior.

Em sua nota, redigida por burocratas numa linguagem que só eles entendem completamente, dá para captar uma tentativa do órgão federal de buscar convencer a população de que o prejuízo aos milhares de consumidores poderia ter sido  bem pior  não fosse o “desprendimento” financeiro do Grupo Energisa.

“O reajuste foi calculado com os resultados do deságio do leilão, o que resultou em redução do índice tarifário em 1,81 pontos percentuais. Deste modo o efeito médio inicial de 32,25% caiu para 30,44%. Além disso, o Grupo Energisa solicitou diferimento do reajuste para amenizar o impacto tarifário para os consumidores. A Agência aprovou o diferimento que reduziu o reajuste para 25,34%”, diz a nota da  ANEEL.

Ou Seja: a própria Energisa, que comprou a Eletroacre a preço de banana, pagando um valor simbólico de R$ 50 mil (cinquenta mil reais), achou o valor inicial do reajuste tão exorbitante que pediu para baixá-lo, chegando aos 25, 34%  que serão aplicados na conta de luz dos acreanos a partir desta quinta.

A empresa não pediu para baixar porque é uma empresa boazinha. Pediu para baixar porque sabe que os consumidores não poderiam suportar reajuste tão escorchante e a inadimplência explodiria, com risco de inviabilizar os negócios da empresa recém-instalada no Estado de Acre.

A nota da ANEEL prossegue tentando engabelar o consumidor:

Ao calcular o reajuste, conforme estabelecido no contrato de concessão, a Agência considera a variação de custos associados à prestação do serviço.

O índice do reajuste da Ceron deve-se principalmente ao impacto dos componentes financeiros. Nessa rubrica, houve a compensação dos valores de compra de energia não considerados no valor médio concedido na tarifa (CVA Energia) definida no último processo tarifário. Ou seja, a distribuidora teve ao longo do ano passado custos mais altos do que o concedido via tarifa para aquisição de energia, e que foram incorporados ao processo tarifário deste ano. Entre esses custos está a cobrança de 24 meses de risco hidrológico. Outro fator que contribuiu para o aumento das tarifas foi a cobrança de encargos setoriais.

Apesar do aumento aprovado hoje, a trajetória de reajustes dos últimos dez anos da Ceron está abaixo da variação dos índices da inflação IGP-M e IPCA no mesmo período”.

No site da Energisa,  o novo diretor-presidente da empresa, André Theobald, revela os planos da companhia no Acre: “A Energisa tem uma grande capacidade de transformar e recuperar empresas em estado crítico e torná-las eficientes e lucrativas, entre as melhores do país. Esse é um dos motivos que torna o Grupo um dos mais bem avaliados no setor de distribuição de energia do Brasil. Queremos replicar, na Eletroacre, nosso modelo de operação e gestão, que acreditamos ser muito bem-sucedido. Nossa experiência certamente será fundamental para reverter a situação da distribuidora e transformá-la em uma empresa rentável, saudável e equilibrada”, afirma André.

Depois de receber a Eletroacre de presente do Governo Federal e ainda, poucos dias depois, ser contemplada  com um generoso reajuste tarifário, fica fácil compreender que, de fato, a Energisa tem sido bem sucedida em seus negócios Brasil afora, sucesso obtido com o dinheiro dos outros (leia-se consumidores) por meio de arrocho tarifário, autorizado pelo Governo.